Como melhorar a relação entre gestor e condutores?

Conheça formas de melhorar a relação com seus condutores O uso de uma frota corporativa tem objetivos diversos: vendas, visitas técnicas, transporte de produtos, entre […]

Conheça formas de melhorar a relação com seus condutores

O uso de uma frota corporativa tem objetivos diversos: vendas, visitas técnicas, transporte de produtos, entre outros. Além de cumprir com suas atividades, o condutor ainda possui inúmeras outras regras que precisa seguir para garantir a produtividade, o funcionamento pleno do veículo e, principalmente, a sua própria segurança ao usar o carro da empresa. Nesse sentido, a conexão dos gestores de frotas com seus condutores é complexa e exige informações claras, comunicação constante e políticas bem definidas para que o relacionamento dê certo. Como garantir essa relação segura, eficiente e duradoura com quem atua atrás do volante? Edrei Carrenho, gestor de frotas e mobilidades da Cargill, responsável por mais de quinhentos veículos e vidas, salienta a importância de se olhar para o ser humano. O gestor estabeleceu parcerias, dentro da própria empresa, com os setores de segurança e saúde. Além de medidas convencionais, como controle da Carteira Nacional de Habilitação (CNH), Carrenho foi mais além. Com a implementação de telemetria nos veículos foi possível analisar o comportamento e o perfil de direção dos condutores, para depois iniciar transformações que mudariam a cultura da empresa. O maior desaflo é construir o entendimento de que os condutores não são máquinas e possuem particularidades.

“Hoje, estamos com uma academia de mobilidade online. Eliminamos os treinamentos presenciais e transferimos para um portal. O próprio usuário consegue ver como se comporta no trânsito, se está fora dos padrões, normas de multa, acompanhar a métrica para ver se está evoluindo para ser mais seguro ou se está sendo muito agressivo”, explica Carrenho. Dessa forma, cada condutor consegue ter acesso a dados personalizados, de modo a conseguir identificar quais características são positivas dentro da cultura de segurança da empresa, além de quais são nocivas e precisam ser modificadas.

Para Raphael Muller, responsável pela frota da Zoetis, é essencial que vários setores estejam envolvidos nos processos de gestão de frotas. Muller estabeleceu parcerias internas com o setor de compras, de recursos humanos e jurídico, envolvendo, inclusive, o presidente e o diretor financeiro da companhia. As parcerias culminaram na criação de um Comitê de Frotas, que se reúne mensalmente para tratar assuntos dos mais corriqueiros aos mais complexos – sendo assim, as decisões são tomadas pensando nos impactos sobre os diferentes setores, não só o de frotas.

A união entre diferentes setores é importante para que outras áreas da empresa “comprem a briga” do setor de frotas, dando mais solidez aos processos. “Nós somos responsáveis por evitar inúmeras tragédias. Não temos em nossa métrica acidentes graves há dois anos. Aconteceu do nada? Não. Nós vendemos isso internamente, existe dentro da companhia a defesa do processo. Compras [o setor] deve ser o maior parceiro, responsável em trazer para dentro de casa o que há de melhor. Essas parcerias são fundamentais para que qualquer instituição tenha sucesso em suas operações”, aconselha Muller.

➣ Gestão de dados e frotas mais seguras

Pensar em gestão de frotas vai muito além do carro. Uma vez que os veículos sejam adequados às necessidades da operação, “o que mais importa é o que o condutor está fazendo dentro do carro”, diz Muller. Nesse sentido, a telemetria é importante para o monitoramento do condutor. “Fazemos com que eles (os condutores] se conscientizem. Não só para a companhia, é para a vida deles. O carro é um ponto importante, mas o principal é quem está atrás do volante. O gestor de frotas tem grande responsabilidade e poder nas mãos“, afirma.

A Telemetria permitiu que a Zoetis traçasse o perfil dos condutores e desenvolvesse cursos – treinamentos que ocorrem a cada três meses, com equipes separadas. Com as informações colhidas foi possível criar um programa de segurança, dentro do qual todos os condutores têm uma página, para que eles tenham acesso a cursos direcionados de acordo com as carências individuais. “A telemetria traz inúmeras informações. Todo condutor tem acesso às informações, para que ele entenda onde precisa melhorar, para traçar dentro de um mês o plano de recuperação”, que, segundo Muller, é acompanhado de perto pelo gestor responsável.

➣ Benefícios da frotas terceirizadas

Com quase toda frota da Cargill terceirizada, para Edrei Carrenho, um dos benefícios foi ter a possibilidade de focar mais em estratégia, visto que a companhia deixa de ser responsável por tomar conta de todos os aspectos em torno de um veículo. O condutor passou a utilizar o carro de modo mais proativo, já que quando o carro era próprio o colaborador precisava entregar o carro em alguma das filiais, o que deixava o processo mais vagaroso. Agora, os colaboradores têm um canal de comunicação único, para o qual é possível ligar e ter acesso a uma gama de serviços. “Hoje, posso dizer que os condutores viajam mais seguros. Onde eles estiverem–não importa se próximo de casa, da fábrica, do lado do cliente–eles terão atendimento e suporte em diferentes situações. Isso trouxe mais agilidade e sinergia”, conta Carrenho.

➣ Multas: transparência e rigor

As multas de trânsito são objetos de polêmica e constrangimentos dentro da gestão de frotas, todavia, a responsabilização individual dos colaboradores que descumprem o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) é uma medida necessária. Para Carrenho, empresas éticas e transparentes não podem ser coniventes com erros. Dessa forma, o gerenciamento da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) dos condutores é importante – e é algo que costuma assustar os gestores.

“Toda vez que aprovo um desconto em folha do meu condutor, por causa de multa, me sinto mal. Mas sai do bolso de um funcionário que pode fazer a diferença amanhã. Nosso papel é salvar a vida dele. Ser transparente e rigoroso neste sentido é a melhor prática“, explica Carrenho. Para Muller, o exemplo começa de cima para baixo. Além disso, o gestor de frotas precisa “mergulhar em sua operação”, para conhecer seus condutores – nesse sentido,

pesquisas a cada dois ou três meses são extremamente importantes para saber o que está acontecendo. “Cuidamos da segurança do condutor, então multa é errado. Dentro da Zoetis, o condutor é o único responsável por essa infração”, conclui Muller.

➣ Fonte: Guilherme Popolin, para a 22ª edição da PARAR Review

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