Copa do Mundo visa evento com emissão zero de carbono. É possível? Entenda

A Copa do Mundo no Catar realmente é neutra em carbono? Enquanto país foca muito no “E” ligado ao ESG, atletas focam no pilar ‘S’ […]

A Copa do Mundo no Catar realmente é neutra em carbono? Enquanto país foca muito no “E” ligado ao ESG, atletas focam no pilar ‘S’

A Copa do Mundo é o evento esportivo mais assistido do mundo contando com uma audiência de cerca de 4 bilhões de pessoas de diferentes locais e presentes em diversas plataformas, nesse ano reunindo 32 seleções nacionais e cerca de um milhão de turistas, portanto, tais números o colocam como um dos eventos globais mais importantes, afinal, consegue reunir também diversas abordagens e trás à tona muitas temáticas importantes. Atualmente, uma das pautas que mais vêm sendo levantadas é a da agenda ESG, que aborda questões sociais e ambientais – além de governamentais – com maior foco atual sendo atingir emissões zero até 2050, em uma última tentativa para frear o aquecimento do planeta que estima a chegada de a 1,5°C. (Leia mais sobre Contagem Regressiva para salvar o planeta)

Por isso, nesse ano de campeonato mundial, levantamos novamente a questão dos megaeventos temporários e seus impactos na comunidade, que cada vez mais entram em discussão pelo uso de recursos exigidos.

O Catar está comprometido em realizar um evento sócio-ambientalmente responsável, prometendo ser a primeira Copa a emitir zero carbono. Mas isso é realmente verdade?!
Com transportes verdes, utilizando recursos tecnológicos avançados e até estádios desmontáveis, essas são algumas das soluções que o país encontrou para sediar um evento mais ESG e sustentável. Porém, segundo estudos levantados recentemente, esses são alguns dados:

  • A Copa 2022 emita 3,6Mt CO2 – comparado aos 2,1Mt CO2 emitidos na Copa anterior em 2018, isso contando desde 2010 – início das construções – até agora na realização do evento, geradas respectivamente por: “viagens (51,7%), acomodação (20,1%), construção de instalações permanentes (18,0%) e construção de instalações temporárias (4,5%). Dos 5,7% restantes do total de emissões, os principais impulsionadores são logísticos, alimentos e bebidas, produção de transportadores de energia, materiais e mercadorias”.
  • Desafios em construir estruturas do zero sem emitir CO², haja vista que dos 8 estádios utilizados, 7 tiveram de ser feitos do zero, mesmo que a distância entre eles seja curta, o que reduz o uso de combustível e consequentemente traz uma vantagem ambiental em questão de localização
  • Mais de 30 mil imigrantes viajaram ao país sede atual para prestar serviços na construção das infraestruturas, e embora a organização do evento garanta que condições básicas e decentes de trabalho e vida para esses trabalhadores foram assegurados, nos últimos meses os profissionais sofreram fortes pressões, referentes a questões de saúde e segurança da mão de obra.

Para assegurar o prometido de emissão, os organizadores da Copa selecionaram uma agência do próprio país, a Global Carbon Council (GCC), para fornecer os créditos de carbono e compensar as emissões do Campeonato Mundial de Futebol. Entretanto, o GCC já teria emitido 133 mil créditos de carbono desde 2020, sendo esses dados um número médio, já queo mercado de crédito de carbono ainda atua sem regulação, portanto sem possuir dados completamente mensuráveis e verificáveis.

“As evidências sugerem que as emissões desta Copa do Mundo serão consideravelmente maiores do que o esperado pelos organizadores e os créditos de carbono adquiridos para compensar essas emissões provavelmente não terão um impacto suficientemente positivo no clima“ Gilles Dufrasne, pesquisador da a instituição Carbon Market Watch (CMW)

Além do mais, a CMW levantou dados sobre a pegada de carbono, que provavelmente está longe das emissões reais do torneio, já que os responsáveis não estão considerando as emissões que virão dos novos estádios quando o evento acabar.

Focando agora em outro pilar da agenda, o Social, vemos lacunas quanto aos temas relacionados, no que engloba a diversidade, inclusão e condições de trabalho dos migrantes como já citados, que tiveram o apoio de várias seleções que se pronunciaram na defesa dos mesmos, que são vieram de países próximos como Índia, Paquistão, Nepal, Bangladesh, Siri Lanka e países de África, que constituem 90% da força de trabalho no país.

Ainda no pilar Social tivemos algumas seleções europeias (Alemanha, Inglaterra, Dinamarca, País de Gales, Bélgica, Holanda e Suíça e mais) que estavam empenhadas em usar a braçadeira de capitão com o símbolo One Love representando a comunidadde LGBTQIA+, com intuito de criticar a discriminação e criminalização da homoafetividade no Catar. O impedimento de realizar a ação, levou os jogadores da seleção alemã a protestarem ao tirar a foto oficial do time em sua primeira partida, tapando a boca numa referência de que não puderam defender os valores de inclusão em que acreditam.

Outra seleção que chamou atenção por seu posicionamento foi a da Austrália, que gravou um vídeo sobre a questão dos direitos humanos dos trabalhadores migrantes no Catar, ressaltando salário justo, bem-estar, saúde, segurança , tratamento digno etc, e até incluindo uma autocrítica: “Esses trabalhadores migrantes que sofreram não são apenas números, como os migrantes que moldaram nosso país e nosso futebol”.

Essas atitudes por grande parte das novas seleções, passam uma mensagem clara de que as novas gerações de atletas vem seguindo com mais consciência social e ambiental, defendendo pautas com mais diversidade e inclusão no mundo, trazendo um reflexo da sociedade atual consciente.

E você, o que acha dos temas abordados pela Copa 2022 até agora? Comente abaixo sua opinião.

E veja também:

Icon Arrow
Icon Arrow
Icon Plane

Se inscreva na nossa Newsletter e receba os principais conteúdos e notícias.