O que integra o sangue além dos componentes citados acima?
Recentemente, um estudo na Holanda detectou microplásticos nas profundezas da corrente sanguínea humana, após analisarem a doação de sangue de 22 pessoas em 2021. Cerca de 77% dessas pessoas possuíam o componente no sangue, levantando as questões: de onde vem esse material e como se infiltra? E como sua presença afeta o organismo humano?
Ainda é muito recente para dizer quais especificamente são os riscos que trazem para o corpo das pessoas, mas o impacto é certo: com certeza é negativo, visto que, em testes feitos em laboratórios, o material causou danos às células humanas quando em contato.
“Quatro polímeros de alto volume de produção aplicados em plástico foram identificados e quantificados pela primeira vez em sangue. Polietileno tereftalato, polietileno e polímeros de estireno (…) foram os mais encontrados, seguidos pelo poli(metilmetacrilato).”
– Trecho do estudo. Departamento de Meio Ambiente e Saúde, Universidade Livre de Amsterdã
Mas como ele consegue acessar o corpo humano?
Estudos apontam que essas micropartículas (estimado em tamanho de 5 mm, ou menor) são ingeridos e/ou inalados por muitas vezes através de embalagens alimentícias e garrafas PET (feitas de Polietileno tereftalato), dentre outros produtos de consumo como por exemplo produtos pessoais de uso cotidiano como pasta de dental, batons, e até mesmo tintas de tatuagem, garrafas de bebidas, e claro, a polêmica sacola plástica. Alimentos e a própria água também podem conter esse minúsculo plástico em sua composição, obtidos por meio de sua degradação no meio ambiente.
Uma das maiores preocupações dos cientistas é de que ao entrarem na corrente sanguínea, esse material pode se locomover juntamente com as células e se instalar em tecidos e até órgãos, podendo desregular a defesa natural do corpo. Dois outros estudos anteriores encontraram, através de autópsias, microplásticos em altas taxas no tecido pulmonar. Agora, na última quarta-feira dia 06/04, a Escola de Medicina Hull York no Reino Unido, divulgou que o componente foi detectado novamente em órgãos respiratórios, no interior dos pulmões, mas dessa vez em pessoas vivas, sendo eles polietileno, resina e nylon.
É de costume, infelizmente, se ler notícias alertando o perigo do uso desenfreado de plástico e como esse material afeta o meio ambiente, sobretudo os oceanos e animais marinhos. Após essa pesquisa essa perspectiva começa a mudar: não só flora e fauna estão sendo afetados, mas a saúde das pessoas também, e agora diretamente.
Mesmo que o estudo tenha sido realizado com um pequeno grupo, esse resultado assusta e serve de alerta para a redução imediata do consumo desse material. Ainda segundo a constatação dos líderes do segundo estudo, dizem já ser possível “considerar os microplásticos onipresentes em todo o planeta” gerando uma enorme preocupação com a saúde e os riscos que as pessoas correm. É de extrema necessidade que indivíduos e empresas repensem a utilização desse material, adiram a reciclagem e reutilização de embalagens já produzidas, bem como o descarte correto de antigas. No mercado já há muitos outros materiais sustentáveis que podem substituir o plástico dependendo do produto oferecido, como vidro, papelão biodegradável e bambu!
Em 2019 o Fundo Mundial para a Natureza (WWF) realizou uma pesquisa sobre os maiores países produtores de lixo plástico e o Brasil levou o título de quarto lugar. Isso porque anualmente são cerca de 11 milhões de toneladas de lixo plástico descartados por ano, sendo APENAS 1,2% reciclado. Em 2022, o Sindicato Nacional das Empresas de Limpeza Urbana (SELURB), divulgou que mais de 30 mil toneladas de resíduos plásticos são descartadas por dia no país.
A mudança é agora, e não se pode mais prorrogar se quisermos ter um futuro limpo e saudável! “Seja a mudança que você quer ver no mundo”
